Pedra, cadê teu olho
Para que eu possa magoar com meu cálcio provisório?
Cadê teu olho, lago de mansuetude
Onde eu possa boiar qual memória da terra?
Pedra, teu silêncio é um pasmo, um susto engastado na cidade
Onde estão, em tua carnadura, as senhas do céu de onde caíste?
Quem sabe ler teu olho?
Quem sabe não te olhar com olhos de pedra, com os meros olhos da cara?
Quem não põe lágrimas na tua erosão?
Pedra, no entroncamento de teu alheamento com a urgência dos oceanos dá-se mundo
(Oceanos são cérebros de criaturas incomensuráveis
Por isso ninguém pode beber o mar, por maior que a noite seja.)
Eu quero apenas ver teu olho, pedra
Olhá-lo fundo e te dizer
Quando, pedra, me darás a honra desta contradança?
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